Campeonato da Europa de Juniores e Seniores - balanço final
Pode-se dizer que o balanço deste campeonato da europa é satisfatório.A realidade é que o nível competitivo em Portugal não possibilita aos portugueses terem melhores performances a nível internacional. Senão vejamos o exemplo do campeonato nacional italiano. É mais competitivo que o campeonato da europa.
Os atletas portugueses dignificaram, e bem, a patinagem portuguesa neste campeonato. Houveram algumas falhas mas só quem está lá é que está sujeito a elas. Aprende-se com os sucessos mas também com as falhas.
Nós portugueses temos capacidades para fazer mais e melhor, apesar de ser da opinião que perante as condições que os atletas e treinadores portugueses têm para trabalhar faz-se muito.
Uma preocupação. Neste campeonato notou-se um fosso enorme entre a nossa realidade e a realidade internacional.
Tirando estes atletas que demonstram um nível qualitativo já muito bom, mais o Miguel Mangas, não se vê nos próximos 5 anos (mínimo), se não aparecer nenhum fenómeno, atletas que possam competir de igual para igual com os atletas de topo europeu.
Figuras Obrigatórias
A diferença é muito acentuada. Perdeu-se o hábito de treinar, muito e bem, figuras obrigatórias, uma especialidade que nunca fomos muito fortes. A Itália continua forte. Espanha já aposta forte nesta especialidade. Suiça e Eslovénia já ao nível dos melhores.
A Inês Brasileiro esteve muito regular durante toda a prova. As duas primeiras figuras foram boas. Estava num bom lugar. As últimas figuras determinaram que não obtivesse um lugar de acordo com as suas capacidades. Ainda tem mais um ano de junior.
Nas seniores as expectativas iniciais podiam não ser muito elevadas mas a Diana Ribeiro abriu a primeira figura com um bom divergente. Estava em 4º. Na segunda figura desceu para 7º, apesar de um bom parágrafo duplo três, as concorrentes quase todas elas realizaram excelentes parágrafos duplos três. Na 3ª figura, os boucles e a melhor figura da Diana, teve um desiquilibrio fatal, desceu alguns lugares. Na última figura, parágrafo contra três voltou a realizar uma excelente figura com notas de oitos mas não deu para recuperar lugares. Mas fez uma boa prestação no global.
Patinagem Livre
No primeiro treino das selecções a ideia era que o nível estava mais fraco. Puro engano. Era apenas a adaptação.
Os dias seguintes vieram demonstrar que temos que trabalhar muito para conseguirmos acompanhar os países mais desenvolvidos. Itália no seu normal, Espanha em força, França forte em determinados sectores, Eslovénia e Suiça apresentaram alguns atletas já com um elevado nível técnico. Alemanha apresentou muitos novos valores para o futuro. Mostraram que estão a trabalhar bem.
Mas...(pormenor muito importante)...nunca falham um campeonato da europa e do mundo.
A Inês Brasileiro realizou bons treinos. Um bom programa curto quase limpo determinou um 7º lugar. No programa longo não esteve feliz. Algumas falhas em elementos importantes determinaram o 11º lugar final. As suas concorrentes apresentaram esquemas tecnicamente e artisticamente evoluídos. Para o ano tem todas as possibilidades de fazer muito melhor.
A Diana Ribeiro realizou excelentes treinos, apenas as passagens com música não estavam de acordo com a taxa de sucesso apresentada nos treinos. O nível estava muito alto. As concorrentes directas com nível técnico semelhantes e superior, algumas apresentavam todos os triplos. Até à 14ª apresentavam até triplo salchow. O programa curto demonstrou a boa forma da Diana e com um excelente programa curto quase limpo obteve um excelente 2º lugar, marcado pela qualidade dos elementos apresentados. No programa longo não se deixou impressionar pela ruidosa claque espanhola de apoios aos atletas da casa. A quinta a patinar no último grupo (grupo de 6), apesar do imenso tempo de espera(uma italiana teve que repetir o programa longo por uma falha eléctrica quase no fim do programa) fez uma programa praticamente limpo, apenas uma saída do triplo salchow isolado no travão. Desceu para 5º. As 6 primeiras realizaram excelentes programas e praticamente limpos.
O Bruno Santos apresentou-se nesta prova depois de um ano parado. Era a primeira experiência no escalão senior. Já se sabia que a concorrência era forte. Se no primeiro treino o nível não parecia muito forte, com o decorrer da semana os adversários foram ficando mais fortes e apesar de nenhum senior masculino realizar programas limpos apresentaram-se fortes demais para a sua primeira experiência no escalão senior. Ainda apresentou alguns elementos de elevado grau técnico nos treinos, triplo flip e lutz já completos mas faltou mais consistência para o realizar em prova. Os adversários apresentaram ligações de triplo lutz com triplo ritbergger, além de todos os triplos isolados. O francês que ficou em 3º realizou no longo ligação de triplo ritbergger ritb triplo ritbergger. Se não tivesse patinado no 1º grupo provavelmente teria ganho.
Pares Dança
Apresentaram-se de inicio três pares de dança juniores. Espanha, apesar de ter 3 pares de dança juniores, não apresentou nenhum em prova por não terem ainda nível para um campeonato da europa, sendo teoricamente inferiores aos 3 pares em provas. Itália apresentou apenas um par, o 1º no nacional vai directo ao mundial enquanto o 3º não foi ao europeu pelas mesmas razões dos espanhóis.
A Isa Ferreira/Ricardo Martins apresentaram-se bem neste campeonato. Nas danças obrigatórias estiveram muito semelhantes aos outros dois pares, com uma diferença mínima. Na dança criativa e livre realizaram boas provas, sem falhas, acima do que apresentaram durante o ano mas não deu para diminuir a diferença existente. Mostraram trabalho. Têm que continuar.
Próximos campeonatos...
Para o ano o campeonato da europa de juniores e seniores é na Nazaré. A taça da europa no Luso. O campeonato do mundo de 2010 é em Portimão.
É uma aposta forte do nosso país. Grande investimento.
Os espanhóis apostaram forte nos últimos 2, 3 anos. Tiraram os dividendos este ano com a conquista de 9 medalhas. Uma em dança, duas em obrigatórias, duas combinado e quatro em livres.
Será que Portugal vai ter atletas para fazer o mesmo? Será que vamos a tempo?
Espero me enganar mas acho que não............embora tenhamos valores para fazer um bom trabalho a este nível...
Acho que vai ser uma aposta basicamente no turismo para a Nazaré e Algarve........
Pares dança/solo dance
Debateu-se a problemática dos pares de dança. Cada vez mais decresce o número de pares de dança a nível europeu. A justificação foi o facto de a solo dance ter vindo a ter maior relevo, cada vez mais aumenta o número de atletas na solo dance, já existe campeonato do mundo, e como as federações nacionais e internacionais precisam de dinheiro não tomam as atitudes necessárias para travar esta situação.
Se inicialmente a solo dance surgiu como forma de melhorar a qualidade e performance dos patinadores de dança, com os anos tornou-se no principal motivo de decréscimo dos mesmos.
A ver vamos...
Exemplo
Fala-se da evolução da França nos pares de dança. É um bom exemplo...
A título de curiosidade os atletas franceses trabalham 5 vezes ao ano com a seleccionadora italiana, além das provas internacionais que participam em frança e em itália.
Existe um grupo de 8 atletas franceses, dança e livres, que estão num centro de treino. Dormem, estudam e treinam nesse treino. Despesas divididas entre atletas e federação.
A nossa realidade é bem diferente...
publicada por Patinar-Prazer @ 11:10 da manhã
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